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Foto do escritorFernanda Machado

O Conto das Duas Torres

Atualizado: 2 de set. de 2019


Guardado na segunda torre mais alta do reino, o maior tesouro era a alma vigorosa da menina trajada de esmeralda. Abençoados eram os cidadãos que punham-se a contemplar a beleza e o fulgor da moça, que só tinha a permissão de repousar à janela enquanto o Sol aparecia no céu. Por sua limitação, a menina trajada de esmeralda nunca soube que na torre mais alta do reino, o rapaz trajado em púrpura passava por similar maldição: envolto de uma aura pouco menos vigorosa, mas equivalentemente apaixonada, abençoava com sua imagem apenas os que enfrentavam a paisagem noturna. Todavia, encontravam-se em seus sonhos, onde suas almas cruzavam a rua principal do reino, na qual seus valiosos espíritos subordinavam-se ao desejo de se reencontrar.

Contudo, o Destino não é um desafiante amador,

Contudo, o Destino não é um desafiante amador, e inspirado por improvável história de amor, pôs-se a trabalhar em sua próxima obra-prima. Reuniu todos os astros em uma assembleia e organizou o mais especial evento para o próximo festival. Mediante à sua inquietação, o Destino se perdia em seus devaneios, procurando formas de contornar o seu maior inimigo e mais novo aliado, o Tempo

No décimo oitavo dia do sexto mês, a menina trajada em esmeralda tentava dormir após finalizar seu turno diurno. Ia de um lado para o outro em sua cama e assustou-se ao notar que a luz continuava entrando por sua janela e retomou o seu posto. Tomada por grande euforia foi, ao vislumbrar seu desconhecido amante na janela da torre mais alta, onde o rapaz trajado de púrpura, anteriormente maravilhado pela união do Sol e da Lua no céu, sentiu-se inundado por sentimentos recíprocos aos da moça.

Ambos desceram as escadas de suas respectivas torres às pressas e trombaram-se no mesmo ponto de encontro de suas almas. Sorriram um para o outro e uniram-se em harmonia em uma dança que acompanhava o carnaval que ornamentava a rua durante o longo eclipse. Aos rodopios da moça guiados pelo rapaz, suas auras se conectavam ainda mais, e os jovens riam em êxtase. Decidiram nunca mais se afastar, e ainda durante o festival, mudaram-se os dois para a torre mais baixa do reino. O Destino, satisfeito com seu trabalho, abdicou-se de dar seguimento à obra, deixando, sem medo, seu maior feito nas mãos do Tempo.

Guardado na torre mais baixa do reino, o maior tesouro era a alma serena do menino trajado de violeta, que abençoava a todos de sua janela, independente da aurora e da escuridão.

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